terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ibope e Datafolha admitem imprecisão, mas defendem métodos


Jornal GGN - Após os resultados das urnas no último dia 5, que apontam uma larga diferença entre Aécio Neves e Marina Silva, os institutos de pesquisas de opinião foram criticados pela falta de exatidão nos estudos. Apesar disso, tanto o presidente do Ibope quanto o do Datafolha defenderam a metodologia empregada nos trabalhos, e ressaltaram que é difícil captar a mudança constante do eleitorado fortemente influenciável pelo que circula na internet e TV. 
Sugerido por Braga-BH
Do Último Segundo
Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, e Mauro Paulino, do Datafolha, explicam que institutos se defrontam com variáveis
Ainda que os institutos de pesquisa vendam exatidão nas pesquisas veiculadas pela imprensa, o resultado real confrontado ao dos levantamentos - mesmo os feitos no dia do pleito - voltaram a mostrar distorções com a realidade. As críticas aos institutos de pesquisas se avolumaram após o primeiro turno das eleições, em especial depois da virada de Aécio Neves (PSDB) sobre Marina Silva (PSB) na sucessão presidencial.
"Se essa conversa acontecesse às 15h de ontem [domingo, 5, dia do pleito] estaríamos tratando aqui de um cenário diferente. Nós conseguimos captar a virada do Aécio sobre a Marina. Na quinta-feira [2 de outubro], dia do debate da Globo, Marina tinha 24% contra 19% de Aécio. Na sexta, pós debate e pós pesquisa, que pauta de alguma forma a informação do eleitor, Aécio já tinha vantagem de 27% a 24%", explica Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope. 

Montenegro enfatiza que o eleitor "está decidindo cada vez mais em cima da hora" e os institutos não conseguem captar essa mudança. "Tenho que fechar até 14h, 15h a pesquisa boca de urna, para que a TV possa divulgar. Nós perdemos aí algumas horas para ter uma fotografia mais exata", prossegue Montenegro.
Outros exemplos que colocaram em xeque as pesquisas eleitorais ocorreram nos Estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, Marcelo Crivella (PRB) tirou Anthony Garotinho (PR) da fase final contra Luiz Fernando Pezão (PMDB). No Rio Grande do Sul, mais surpresas: José Ivo Sartori (PMDB) foi ao segundo turno contra Tarso Genro (PT), governador e candidato à reeleição. Ao longo da campanha, Tarso teve como adversária mais constante a candidata Ana Amélia Lemos (PP).
Para o presidente do Ibope, os debates, as pesquisas, a própria internet e os telejornais têm tido um papel cada vez maior na decisão final do eleitor. "No debate da Globo, com os candidatos ao governo do Rio, o Crivella foi muito bem. Somado a isso, Pezão cresceu e tirou votos do Garotinho. Esse movimento, nós não conseguimos captar. Além do mais, aqui no Rio, a abstenção e os votos brancos e nulos que somaram 40%. Quando fazemos uma pesquisa, consideramos que todos os eleitores vão votar", explica.
Perguntado se os institutos de pesquisa do País deveriam rever seus métodos, Carlos Augusto Montengro rejeitou a tese. "A nossa metodologia é reconhecida mundialmente. Nós fazemos milhares de entrevistas", finalizou.
Datafolha
“Pesquisas avaliam o voto convicto, o não convicto (que é volúvel) e os indecisos”, disse à TV Folha o diretor do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, na última segunda-feira (06). "Os não convictos podem mudar de voto [têm mais chance de mudar], são numerosos e vêm aumentando a cada eleição. É um comportamento crescente. É reflexo da maturidade política", disse o diretor do Datafolha, acompanhando a tese de Carlos Montenegro.
Paulino também concorda que as pesquisas eleitorais também são um dos elementos que influenciam a decisão final do eleitor. "As pesquisas influenciam [o voto] cada vez mais e é bom que influencie. Faz parte da democracia", justifica.
O diretor do Datafolha sugere que devem surgir no horizonte ameaças à divulgação de pesquisas eleitorais. "Vão surgir novas ameaças de acabar com as pesquisas. Isso sempre aparece depois das eleições. Vão tenta proibir [por lei] e vão propor criação das CPI das Pesquisas".
Montenegro admite que há erros e concorda que os questionamentos aos resultados sempre existiram. Mas o presidente do Ibope pondera que "já foram muito maiores no passado do que hoje em dia". 
Na sua defesa dos levantamentos de 2014, Mauro Paulino comentou que as "pesquisas presidenciais concordaram. Foi a eleição que houve menos polêmica em relação ao resultado. Nunca os jornalistas tiveram tanto acesso aos tracking, mostraram as mesmas tendências, evidência de que resultados estavam corretos. A ultrapassagem [de Marina Silva por Aécio] se deu entre quinta e sexta e [foi] alavancada final no dia da eleição", afirmou.
Repercussão
Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro, a sociedade brasileira vem se transformando e talvez as amostras de grupos dos institutos de pesquisa não tenham acompanhado esse fenômeno, "o que não é culpa dos institutos", sublinha.
Outro ponto apontado por Janine Ribeiro é que fenômenos de última hora também podem influenciar o eleitor, lembrando que a explosão de uma bomba no País Basco (Espanha) acabou pautando uma mudança na formação do parlamento local em 2008.
O professor da USP, no entanto, alerta que as pesquisas claramente influenciam o voto do eleitor e lembrou que a eleição ao Senado por São Paulo em 2010 foi marcada por "falhas metodológicas das pesquisas". Naquela eleição, Netinho di Paula (PCdoB) era seguido por Orestes Quércia (PMDB) e por Aloysio Nunes (PSDB). "Naquela eleição o terceiro colocado foi o eleito e não dá pra confiar numa pesquisa dessas", enfatiza Janine Ribeiro.
Questionado se defende ou não limites à divulgação de pesquisas, o professor diz não ter opinião formada, mas admite a discussão do assunto. "Embora elas pautem o voto, proibi-las pode fazer com que um universo pequeno de clientes, como partidos, bancos e empresários, possam usar os dados em seu próprio benefício", aponta Janine Ribeiro.
O professor da USP se diz incapaz de comentar que contribuição alterar as margens de erro das pesquisas poderia dar para um resultado mais fiel das mesmas. "É uma questão estritamente técnica. Mas imagine uma margem de erro de cinco pontos. Quem iria se interessar por esse produto?", questiona.
http://jornalggn.com.br/noticia/ibope-e-datafolha-admitem-imprecisao-mas-defendem-metodos

Em resposta a FHC Lula mostra porque o Nordeste não tem mais "dono"

Lula também chama
FHC às falas!

FHC pensa que o Nordeste é o do Governo dele!


Do Presidente Lula, em seu facebook:

É lamentável o preconceito que vem à tona depois de um processo democrático tão importante, como as eleições do último domingo. É um absurdo que o nordeste e os nordestinos sejam caracterizados como ignorantes ou desinformados por seus votos. Primeiro porque isso é fruto de preconceito lastimável, segundo porque mostra um desconhecimento profundo da atual situação do nordeste brasileiro. Quem faz afirmações deste tipo imagina o nordeste da década de 90 ou de antes, onde reinavam a fome, o desemprego e a falta de oportunidade. Por isso muitos, como eu, tiveram que abandonar sua terra natal e migrar para outras regiões em busca de melhores condições de vida.


Hoje, o nordestino anda de cabeça erguida porque não é mais tratado pelo governo como cidadão de segunda categoria. Das 18 universidades criadas nos 12 anos de governo, 7 são no nordeste. A região conta hoje com 62 extensões universitárias. Mais de 16 mil estudantes dessas universidades foram estudar no exterior com o Ciência sem Fronteiras. Dos 20 milhões de empregos criados no país, quase 20% foram no nordeste. 141 escolas técnicas foram implantadas na região, representando 33% do total no país. A mortalidade infantil, que era um dos principais problemas da região caiu a menos da metade. Os nordestinos, hoje, não são mais personagens de tristes reportagens sobre as migrações para os grandes centros urbanos. Eles podem viver nas suas terras de origem com dignidade e oportunidade.


Somos todos brasileiros e temos que nos unir para continuar construindo um país mais solidário, mais justo, com mais oportunidades para todos, independente de cor, crença, religião ou região do país em que cada um tenha nascido. As pessoas deveriam ser agradecidas pela diversidade do nosso grande país. Essa é a nossa riqueza.


http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/10/07/lula-tambem-chama-fhc-as-falas/

Apoio de Marina a Aécio será pouco relevante, diz cientista político



 
Jornal GGN - Em entrevista ao Estadão, o cientista político e professor da FGV, Francisco Fonseca, também colunista da Carta Maior, avaliou que mesmo que Marina Silva (PSB) dê apoio oficial a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT), a transferência de votos de ser baixa. Segundo ele, isso já aconteceu em outras ocasiões e com líderes diferentes e, no caso específico de Marina, os 21 milhões de votos que ela obteve devem se dividir em função da linha mais à esquerda que boa parte de seus seguidores possuem.
“Marina não é do PSB, que é um partido mais à esquerda. Boa parte dos militantes da sua Rede Sustentabilidade também são mais próximos da esquerda do que de outros grupos. A proximidade do PSB com o PT é um fato histórico. Não vou dizer que esses votarão majoritariamente em Dilma. Imagino mais uma dispersão do tipo 60% para um, 40% para outro. Se Dilma obteve 41,5% e Marina 21,3% no primeiro turno, basta um terço, pouca coisa mais, de adesão dos marinistas para Dilma chegar à maioria absoluta”, disse.
Assim, na visão de Fonseca, a presidente Dilma caminha um pouco mais tranquila que Aécio no início dessa segunda fase, embora a polarização PT-PSDB e o crescimento do sentimento anti-petista possam desestabilizar a disputa deste ano ligeiramente em benefício de Aécio.
Para Fonseca, o PT é hoje vítima do próprio desenvolvimento que causou no país. Os fatores que corroboram com essa situação é a parcialidade da mídia, que cotidianamente ajuda na campanha anti-PT e na desinformação dos eleitores sobre os feitos do governo Dilma e Lula.
“Acho que o Brasil vem passando por transformações em suas placas tectônicas, na mobilidade social. O governo Lula tirou uma grande quantidade de gente da miséria, criou-se um mercado de consumo novo, formado por esses grupos em ascensão, o crédito ficou fácil. Isso gera uma estranheza entre os grupos de maior renda, que sentem seus espaços invadidos e reagem com esse voto contra o PT", disse ele.
E completou: “Aí entra outro fator: essas novas classes médias são conservadoras. Grande parte delas entende que subiu por méritos próprios, não por políticas macroeconômicas, pelo crédito fácil, etc. É gente que diz “eu não sou pobre”. E um terceiro fator do antipetismo, me parece, é o predomínio de uma mídia que tem lado nessa disputa - e que atua contra o PT.”
http://jornalggn.com.br/noticia/apoio-de-marina-a-aecio-sera-pouco-relevante-diz-cientista-politico

Erundina: "Nem Dilma, nem Aécio, temos que ser minimamente coerentes"


 
Jornal GGN - A deputada e uma das coordenadoras da campanha de Marina Silva, Luiza Erundina (PSB-SP) defende que o partido libere o apoio de seus filiados. Se assim for, Erundina não vai declarar voto nem no tucano, nem na petista. "Nós não dissemos o tempo inteiro, na campanha, que queríamos mudança? Não propúnhamos o tempo inteiro o fim da polarização? Se nós apoiarmos um dos polos, não vamos justamente fortalecer um dos polos e, portanto, justamente a polarização que combatemos?", disse a deputada na coluna de Mônica Bergamo.
 
Seguindo a linha das declarações da responsável pela campanha de Marina na disputa à presidência, embates já estão ocorrendo dentro do PSB. Assim, para Erundina, seria difícil encontrar um consenso para a sigla apoiar e transferir seus votos.
 
"Há grupos no partido que querem Aécio Neves, outros que pretendem apoiar a Dilma [Rousseff]. Tomar uma posição única seria ruim, dividiria o partido. O melhor seria liberar para que cada militante, filiado ou dirigente, possa tomar a sua decisão", disse.
 
"Nós temos que ser minimamente coerentes. Sem o que, não vale a pena", disse, na contramão do que Marina parece estar apta a definir.

http://jornalggn.com.br/noticia/erundina-nem-dilma-nem-aecio-temos-que-ser-minimamente-coerentes

Por que a crise da água não impactou a eleição para o governo de SP?


Dispositivos da blindagem: Por que a crise da água não impactou a eleição para o governo de SP?
Apesar de conviver com a mais grave crise de abastecimento da história, Geraldo Alckmin conseguiu aquela que foi, provavelmente, a vitória eleitoral mais tranquila da história do PSDB em São Paulo. Com mais de 57% dos votos em todo o Estado, o atual governador conseguiu uma votação expressiva até mesmo na cidade de São Paulo, tendo aí alcançado quase 52% da preferência popular. A crise hídrica poderia ter sido, de um ponto de vista político, a maior oportunidade de criação de contexto para a alternância de poder em São Paulo após duas décadas de domínio irrestrito do tucanato. No entanto, em que pese sua abordagem pelos candidatos, o cidadão paulista (e o paulistano, em específico, por ser o mais afetado pelo problema) não conectou o problema ao seu responsável.
Para além de todas as considerações já feitas à existência de um renitente antipetismo no Estado e de graves falhas na macroestratégia de campanha conduzida pelo PT no Estado, o fato é que nenhuma candidatura conseguiu colar a imagem de Alckmin às torneiras reiteradamente vazias das casas dos milhares de cidadãos afetados pelo problema. Um primeiro fator explicativo para tanto está na relativa aridez do tema: apesar da falta d’água ser uma questão absolutamente concreta e atentar tão dramaticamente contra a cidadania das pessoas, a sua percepção como um problema de gestão (seja ele de responsabilidade do prefeito, do governador ou da presidenta) não é, na prática, um processo automático. É possível notar uma consistente mitologia popular que conecta, de forma linear, o desabastecimento à seca, uma lógica que é tautológica (potencialmente falaciosa, portanto).
Essa insensibilidade, no entanto, não é imponderável. Em que pese o reconhecido antipetismo do eleitor médio – que o levaria, mais facilmente, a notar o problema como de responsabilidade do governador caso este fosse petista –, não é possível afirmar que o ônus pelo problema jamais poderia ser associado a Alckmin (conforme aventado por alguns analistas). Teria sido necessário que os meios de comunicação tivessem realizado esse papel informativo e crítico. Obviamente, contudo, não o performaram. Pelo contrário, foram dispositivos essenciais para a blindagem do governador.
Desde quando começamos a tratar da crise, em Abril, notamos que o tema foi, sim, abordado pelos principais jornais. Vez ou outra, com algum grau de criticidade. Em geral, contudo, a ideia básica transmitida foi a exata associação entre os recordes de estiagem e a redução dos níveis dos reservatórios (correlação que é, conforme vários artigos já publicados aqui, apenas parcialmente verdadeira, e a qual jamais pode deixar de responsabilizar um gestor). Ou seja, nenhum passo foi dado para além do mais simplório senso comum do cidadão médio, que tende a não possui os instrumentos para promover um julgamento técnico da questão, por razões óbvias.
Aqui cabe a reflexão de que a blindagem funciona não apenas quando um problema público não é abordado, mas também – e principalmente – a partir da forma e do momento em que ele é abordado. Com relação a esse segundo aspecto, por sinal, notamos outras razões relevantes para explicar o descolamento entre Alckmin e a crise hídrica. Primeiramente, vale citar o “editorial Pôncio Pilatos” da Folha de São Paulo de Domingo, dia da eleição, cujo título era “Estelionato Eleitoral”. O termo, por nós utilizado desde pelo menos o mês de Maio, foi adotado pela primeira vez, explicitamente, pelo jornal. A linguagem, que denunciaria com conteúdo ético a extensão dos problemas em curso e o seu escamoteamento pelo Governo de São Paulo, talvez soaria para alguns como um sinal de “independência” do jornal perante seu candidato.
Ao ter sido feito apenas na manhã das eleições, contudo, nada mais foi do que um “lavar de mãos” do jornal, que foi o campeão da abordagem da crise do ponto de vista da estiagem. Por certo, ao dela tratar nesse tom apenas na manhã das eleições, cumpriu meramente um ritual protocolar, de aliviamento das consciências de seus próprios editorialistas diante de todo o tratamento condescendente dado à crise desde o começo do ano.  Apenas no momento em que ela aparece como “insuperável” é que realizam essa manifestação, a qual não possuiria, jamais, qualquer condão de conscientização ao ser realizada apenas no dia do pleito. Servirá no futuro, contudo, como argumento de defesa do jornal diante de seus eventuais críticos, como uma espécie de “eu disse”, ainda que absolutamente extemporâneo.
Pior, contudo, foi o tratamento dado pela Rede Globo. Isso porque, apesar de o tema merecer pelo menos umas duas edições do “Globo Repórter”, jamais passou de ter algumas dezenas de segundos nos jornais locais. O mais significativo, contudo, sempre foi a tônica de sua já escassa cobertura: falar sobre a seca como um fim em si mesmo, contar a respeito do sucesso do bônus e criticar o desperdício “da dona de casa”, por vezes com um tom indignado. Nada mais distante de um entendimento sistêmico da questão. A manifestação mais espetacular dessa lógica, contudo, ocorreu APÓS as eleições, na edição de Domingo à noite do Fantástico (com Alckmin já reeleito).
A matéria, intitulada “Paulistanos criam os ‘fiscais da água’ contra o desperdício” (disponível aqui: http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/v/paulistanos-criam-os-fiscais-da-agua-contra-o-desperdicio/3676024/) é uma síntese excelente do que foi o tratamento dado pela mídia à crise. Em uma matéria de 6 minutos (que contou, inclusive, com diminutos trechos daqueles vídeos postados no Youtube pelo Dú Dias, os quais trouxe para o blog há cerca de 3 semanas), desempenham um show do ponto de vista de como uma questão pode ser abordada a partir de uma perspectiva meramente liberal: 1) exaltam três indivíduos “conscientes”, que decidiram lutar contra o desperdício; 2) associam a extensa crise a longos takes de funcionários lavando calçadas; 3) mostram cidadãos das regiões do entorno dos reservatórios clamando por ajuda divina; 4) exibem uma das únicas filmagens impactantes da gravidade do problema como simples “passeio de motoqueiros” (e nós sabemos que o autor do vídeo critica o governo em várias oportunidades); 5) convocam cidadãos para também se “engajarem” na causa.
A reportagem é fantástica (sem trocadilho) porque ela é um case sobre como cobrir um problema público a partir de uma perspectiva eminentemente individual: 1) o problema central da crise está no desperdício (não o que ocorre por parte da SABESP, antes de a água chegar nas casas, mas sim dos funcionários “esbanjadores” – crítica a qual, evidentemente, possui até mesmo um componente de classe); 2) os “fiscais da água” são cidadãos (e nada é falado sobre a responsabilidade da SABESP quanto a isso); 3) a resolução do problema, mais amplamente, é pautada a partir de um clamor metafísico; 4) a cobrança – moralista – dos jornalistas é feita aos próprios cidadãos, para que resolvam o problema; 5) o engajamento é definido como um feito singular (sendo que, há apenas duas semanas, 5 mil pessoas realizaram uma grande manifestação em frente à sede da SABESP); 6) o tratamento da água como “propriedade privada” (no caso da mulher que declara ter adquirido um caminhão-pipa) sequer é confrontado, pois colide com um fundamento da práxis liberal defendida, subsidiariamente, pelo próprio programa de TV; 7) a questão da multa pelo desperdício (que seria o ponto alto enquanto resposta liberal ao próprio problema levantado) é apresentada com extremo cuidado pela emissora em um trecho de menos de 10 segundos da reportagem, mais uma vez sem citar o governo (que não adotou a medida, sabemos, por impactar suas pretensões eleitorais).
Temos, então a consagração de uma curiosíssima modalidade de controle social: o accountability por sobre o próprio povo, um “outro” que é o “real” culpado pela crise. É absolutamente evidente que o desperdício – mesmo esse, singelo, de quem está lavando a rua de casa – é uma questão que precisa ser endereçada, é um elemento que precisa ser trabalhado do ponto de vista da mudança da cultura cívica sobre o uso da água. Tratá-la, no entanto, como o fundamento central do seu aprofundamento só poderia ocorrer a partir de uma perspectiva de análise que estivesse absolutamente propensa a não ser sistêmica – uma marca do pensamento reificado, alienado. É essa a postura da mídia, que se pode ser vislumbrada, como uma articulação azeitada, com aquele “especial” que a Folha fez sobre a crise hídrica mostrando-a como decorrente do “excesso de pessoas” (quando sabemos que o crescimento da população na região metropolitana de São Paulo, nos últimos 10 anos, foi vegetativo e aquém das previsões da própria SABESP). A blindagem, então, cerca o governo como uma ilha, e a partir dessa eficiente operação sobram apenas o próprio povo e São Pedro como decorrências.
Um outro elemento que justifica a impermeabilidade de Alckmin (perdão por outro trocadilho) é a omissão de autoridades legalmente responsáveis. Na ausência de um órgão capaz de fazer o controle interno da gestão do Estado (algo que o PSDB teve 20 anos para fazer e ainda não o fez) e na circunstância de o Tribunal de Contas do Estado funcionar como uma aposentadoria gloriosa para ex-servidores do próprio governo (incluindo-se aí Robson Marinho), caberia ao Ministério Público a terceira possibilidade de pressão institucional. A atuação do órgão – seja o estadual, seja o federal – foi extremamente tímida, contudo, ao longo de todo o processo. De forma absolutamente curiosa, o MP veio a se manifestar ontem, um dia após o término das eleições, no sentido de buscar vetar o uso integral da segunda cota do volume morto do Cantareira. Diria que o timing da intervenção é uma comprovação irrefutável da lamentável vocação desse órgão para contribuir à efetiva blindagem de Geraldo Alckmin.
Quando temos tantas frentes importantes de proteção a um governante e quando a sua oposição fracassa em adotar estratégias de articulação para conscientizar a população sobre aquele que é – juntamente com os ataques do PCC em 2006 – o maior marco da crise institucional do Estado em duas décadas, temos, enfim, o sucesso eleitoral retumbante de Alckmin. Diante da falência das instituições de controle e fiscalização, não há como não ficarmos céticos sobre o que ocorrerá quando a água começar a faltar 24 horas por dia nas casas dos cidadãos. Não duvido, infelizmente, que os crimes de improbidade administrativa e ambiental sejam deslocados da figura fundamental pela crise – Geraldo Alckmin – e imputados (se imputados) a servidores de segundo e terceiro escalão do governo. A conferir.
Vale dizer, enfim, que apesar de tudo, a crise hídrica ainda pode impactar nas eleições presidenciais, conforme matéria da própria Folha de hoje – um indício do quão próximos estamos do abismo, considerando-se que o pleito estadual acabou de ser finalizado. Aparentemente, Alckmin teme adotar medidas impopulares agora, ao longo do 2º turno presidencial, o que potencialmente levaria à derrocada de Aécio em São Paulo. Pelo visto, a SABESP terá de apertar os cintos até o final de Outubro e prosseguir na “luta” diária pela extração das poças de água remanescentes nos reservatórios. Uma hora, contudo, mesmo as melhores soluções improvisadas de engenharia não conseguirão dar conta da crise, a cada instante mais complexa.
Nesse momento (Terça-feira, 15:40), a captação de água pelas bombas está em apenas pouco mais de 13 m³/s (sendo que a média tem estado em mais de 18 m³/s). Com isso, a represa de passagem, Paiva Castro, está com menos de 50 cm de cota pela primeira vez na história (suas vazões de entrada, assim como as dos demais reservatórios, estão extremamente baixas, e não estão sendo compensadas pelo aumento da captação das outras represas, pelo contrário – um indício de que a SABESP está com muitas dificuldades para retirar o final da primeira cota tanto do Atibainha como do Jaguari, levando também ao colapso a represa mencionada e a Cachoeira). Se a Estação de Tratamento continuar mandando 20-21 m³/s como fez ao longo dos últimos meses, teremos a interrupção do fluxo de água em 3 dias. Isso mesmo, 3 dias. Se a ETA diminuir sua produção para equalizar os 13 m³/s, teremos, inevitavelmente, um racionamento. Não sabemos se há problemas nas bombas ou outros fatores, mas os números não mentem, mesmo que contornados por ora: o Governo de São Paulo está no fio da navalha para o colapso do abastecimento de água. As eleições estaduais foram vencidas, mas o custo desse êxito terá sido um dos mais elevados da República.
Ps: quem ainda não conhece, há um projeto de financiamento coletivo de um documentário, chamado Volume Vivo, que pretende abordar a crise hídrica em São Paulo:http://www.sibite.com.br/campaigns/volume-vivo . Hoje foram publicadas fotos bastante interessantes do Jaguari-Jacareí: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1477131702564624.1073741830.1441932942751167&type=1 . O autor do documentário fez o excelente “Entre Rios” (https://www.youtube.com/watch?v=DrITdOscioQ)
Ps2: registros interessantíssimos da crise hídrica também podem ser encontrados emhttp://aguasp.tumblr.com/, perfil tocado pelo Instituto Sociambiental (http://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/sobrevoo-mostra-situacao-das-principais-represas-que-abastecem-a-grande-sao-paulo)
Ps3: há ainda a coleção de fotos das represas do Cantareira que está sendo consolidada pelo Instituto Ipê (projeto “De Olho no Cantareira”):http://ipe.org.br/semeandoagua/index.php/nggallery/page/3?page_id=288
http://jornalggn.com.br/blog/sergiorgreis/sergio-reis-por-que-a-crise-da-agua-nao-impactou-a-eleicao-para-o-governo-de-sp

TSE considera que vídeo dos Correios induz a ato ilícito, sem comprovação


 
Jornal GGN - O vídeo que foi divulgado na última semana pelas redes sociais e imprensa de suposta entrega de panfletos da candidata Dilma Rousseff (PT) pelos Correios foi considerado sem comprovação da veracidade pela Justiça. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a retirada do vídeo.
 
“Há alegação por parte dos Representantes de que o serviço foi devidamente pago e é lícito. Pelo que se lê na imprensa, outros candidatos também fizeram uso da entrega pelos Correios. Assim, entendo que a manifestação, tal como veiculada, pode induzir o eleitor a erro", definiu o ministro do TSE Herman Benjamin.
 
O vídeo mostrava um suposto carteiro fazendo panfletagem de campanha de Dilma em estabelecimnentos comerciais, enquanto um narrador repudiava o ato. Os Correios realizam o serviço de distribuição de panfletos, é um serviço legal oferecido pela instituição. Mas as informações transmitidas pelo narrador induzem a prática de ato ilícito, como se a candidata à reeleição fosse conivente ou aprovava a coação de carteiros para fazer o serviço.
 
"Ao que parece prima facie, o intuito é induzir o eleitor a acreditar que dirigentes dos Correios ou até mesmo a candidata Dilma estariam praticando ato ilícito, em verdadeira apropriação privada de bens e serviços públicos, imputação que, a ser falsa, poderia caracterizar ofensa ao artigo 243 do Código Eleitoral”, concluiu o ministro.
 
Ainda, além desses critérios, não é possível comprovar se houve ou não montagem e produção desse material divulgado.
 
A Coligação Com a Força do Povo, da candidata Dilma Rousseff, alegou que a intenção do vídeo seria de criar a impressão de favorecimento dos Correios à Dilma. Entretanto, a Coligação informa que contratou o serviço de mala direta.
 
De acordo com os Correios, foram entregues 141,7 milhões correspondências desse tipo, de 17 partidos diferentes, até o fim do último mês. A empresa também anunciou que entrará com ação judicial contra o candidato Aécio Neves (PSDB), por ter acusado que a estatal estaria beneficiando Dilma Rousseff.

http://jornalggn.com.br/noticia/tse-considera-que-video-dos-correios-induz-a-ato-ilicito-sem-comprovacao

Coordenador do Manchetômetro questiona ombudsman da Folha sobre viés político


Jornal GGN - O coordenador do Manchetômetro João Feres Júnior publicou um artigo no qual conta um episódio curioso. O cientista político da UFRJ foi entrevistado pela ombudsman do jornal Folha de S. Paulo, para uma matéria sobre a cobertura eleitoral da Folha, publicada no dia 5 de outubro, dia do pleito.
Segundo Feres, ao longo da conversa, a ombudsman saiu da posição de entrevistadora e virou entrevistada, pois o professor tentou tentar entender por que o jornal, a exemplo de outros produtos da grande mídia, optou por um jornalismo visivelmente seletivo, anti-petista sob o disfarce de ser contra-governo, como se pode ver nos dados e estudos do Manchetômetro.
GGN reproduz o artigo de Feres.
Ombudsman da Folha entrevista o Manchetômetro, mas não cita
No dia 5 de outubro, dia da eleição, a ombudsman da Folha de S. Paulo publicou artigo com um estudo de valências das matérias publicadas na Folha a partir da escolha de Marina para concorrer à presidência na chapa do PSB. Tudo muito parecido com o que fazemos no MANCHETÔMETRO. Ninguém tem monopólio sobre a metodologia da análise de valências, que já foi testada no Brasil e no exterior, mas o artigo deixa de fazer referência a uma longa entrevista que dei à jornalista dias antes da publicação do estudo, que versou exatamente sobre esse assunto.
No dia 30 de setembro chegou ao e-mail institucional do MANCHETÔMETRO mensagem de um preposto da ombudsman da Folha de S. Paulo, Vera Guimarães Martins, pedindo uma entrevista com o coordenador do site, esse que vos escreve, para “uma conversa sobre os critérios do estudo, a ser discutido na coluna desta semana”. Achei o método de comunicação um pouco estranho. No passado já havia trocado mensagens com a então ombudsman do jornal, Suzana Singer, sem que para isso fosse necessário o uso de intermediários. Pensei com meus botões: por que será que ela não me escreve diretamente? De qualquer forma, aceitei o convite, marcando para terça-feira à tarde uma conversa por telefone.
No começo da entrevista ouvi ao fundo a voz da jornalista falar para uma outra pessoa ao lado uma frase que soou parcialmente ininteligível, mas na qual discerni a palavra “gravação”. Ato contínuo pedi a ela para que, se estivesse gravando, me enviasse uma cópia da entrevista, o que ela concordou em fazer. A conversa começou em tom cordial. Ela começou me dizendo que queria saber mais sobre a metodologia do MANCHETÔMETRO. Eu graciosamente descrevi como funciona nosso trabalho: uma análise de valência, ou sentimento (como dizem alguns autores), feita por meio da codificação manual dos textos, e com 3 níveis hierárquicos de checagem para dirimir dúvidas interpretativas. Ela me respondeu que era fácil determinar quando um texto era favorável ou contrário a um candidato ou partido. A conversa continuou, com mais explicações minhas quanto aos critérios de atribuição de valência que utilizamos.
A uma certa altura, interrompi as explicações para perguntar à jornalista se seu objetivo na matéria era usar nosso trabalho para fazer uma autocrítica do jornal ou criticar o MANCHETÔMETRO. Eu disse a ela que minha impressão, baseada na leitura de sua coluna eventualmente e em troca de mensagens com a titular anterior, era de que o Ombudsman funcionava muito mais como um advogado do jornal frente ao público do que o contrário, que seria sua tarefa autoatribuída. Ela respondeu que era comum o Ombudsman ser acusado de tomar o partido do jornal, mas que sua intenção era usar o MANCHETÔMETRO como um instrumento de ajuda na avaliação da cobertura da Folha.
Em seguida, passei a mostrar à jornalista que nossos resultados apontam para diferenças nas coberturas dos diferentes meios pesquisados, ainda que todos revelem um viés anti-Dilma e anti-PT. Disse até que o viés da Folha é menor, se comparado aos de Estadão e O Globo. Ela respondeu que tinha dúvida se o “viés era anti-Dilma ou se o viés era anti-governo”. Eu alegremente redargui que foi exatamente para responder essa dúvida que fizemos a análise comparando os pleitos de 1998 e de 2014. Ora, naquela eleição o candidato da situação, Fernando Henrique Cardoso, concorria à reeleição. Havia uma terceira força, Ciro Gomes, e o embate principal era entre PT e PSDB, como também por boa parte do atual processo eleitoral. Os resultados narrados por mim são sintetizados no gráfico abaixo, que se encontra em nossa página 
Como mostram os dados, a cobertura de 1998 na Folha foi amplamente favorável ao candidato da situação, contrariando a tese da Ombudsman da Folha de S. Paulo. FHC teve uma taxa de contrários sobre neutros de menos de 23%, ou seja, menos de 1:3. Lula, seu principal adversário, teve quase 92%, isto é, praticamente uma notícia negativa para cada neutra. Proporcionalmente, Lula teve cobertura quatro vezes mais negativa do que seu contendor da situação. FHC ainda teve uma taxa de 40% de favoráveis sobre neutros, enquanto Lula amargou 17%. Dilma, esse ano em posição análoga a FHC no pleito de 1998, tem uma taxa de praticamente 50% de contrários sobre neutros, o dobro de FHC, e 1,7 % de favoráveis sobre neutros, quase 23 vezes menor que a do candidato tucano e então presidente do Brasil.

Ao ouvir esses dados, a Ombudsman engasgou. A voz ficou um pouco titubeante. Mas ela logo se saiu com o argumento de que há outros fatores que devem ser levados em conta, particularmente o “desgaste natural do poder, que sempre tem”. Eu respondi que o PSDB estava em 1998 há 8 anos no poder, e ela objetou que a “Dilma está há doze”. Eu disse que não era tão diferente, mas ela insistiu que era 50% a mais.
Apontei então para o caráter precário do novo argumento, pois ou o jornal tem uma predisposição contra a situação razoavelmente constante, tese que foi refutada com a análise de 1998, ou há um tempo a partir do qual o desgaste do partido no poder leva a um aumento do nível crítico da cobertura. Não dá para ser as duas coisas ao mesmo tempo. Pois se o argumento da ombudsman sugere que acontece algo mágico entre 8 e 12 anos, e o jornal passa do tom laudatório, como fez com FHC em 1998, à crítica acerba, então isso não se verificou com o PT. Basta tomar o pleito de 2010 como exemplo, pois nessa ocasião o PT acumulava 8 anos na presidência, isto é, como o PSDB em 1998. Não disponibilizamos ainda esse estudo no site do MANCHETÔMETRO, mas reproduzo abaixo gráfico com a cobertura dos candidatos na Folha de S. Paulo em 2010:
Como se pode ver, o desequilíbrio contrário a Dilma e ao PT em 2010 é muito similar àquele que verificamos atualmente. A proporção de contrários sobre neutros nas capas da Folha foi de 57% para a candidata do PT e de menos de 40% para Serra, naquele pleito. Em suma, não é o desgaste temporal da situação que explica o comportamento enviesado do jornal.

No seu Manchetômetro do B, publicado na edição impressa de domingo (5/10/14), a ombudsman constata o viés contrário à Dilma e ao PT, campeões de negativas na primeira página, em manchetes e nas reportagens internas, tanto em números absolutos como em comparação a outros candidatos e partidos. Mas no texto que circunda os gráficos ela tenta justificar esse fato. O argumento principal apresentado por ela é que a Folha de S. Paulo cumpre o papel de contrapoder, ou seja, que o desequilíbrio da cobertura não é viés contra o PT. Literalmente, ela diz que Dilma é mais “fustigada” porque ocupa o “cargo mais alto do país”. Isso é um pouco surpreendente, pois eu já havia mostrado à jornalista que a análise do pleito de 1998 joga essa tese por água abaixo. A tal ideia ela adiciona algo que não havia dito a mim na entrevista: que as críticas desproporcionais devem-se a “índices econômicos ruins”, pois, ela lembra o leitor: “a economia é item de primeira necessidade no noticiário”.

Mais uma vez um argumento que não tem suporte na realidade dos fatos. Voltemos à eleição de 1998. Usando o poder racional da inferência, podemos concluir que, se a tese da economia se verifica, uma vez que a situação de reeleição está presente, então o tratamento favorável dado a FHC deve ser atribuído à melhor situação econômica daquele momento, se comparado ao atual. Tal inferência, contudo é falsa. Vejamos os números das principais variáveis da economia.

De fato, a inflação no IPCA em 1998, 1,65%, foi menor do que a prevista para o ano corrente, de 6,3%, ainda que essa esteja dentro do teto da meta. Mas todos as outras variáveis econômicas são desfavoráveis a 1998, em comparação a 2014. A taxa de desemprego nas regiões metropolitanas era de 18,6% e agora caiu para 10,8%. O crescimento econômico foi 0% naquele ano, e esse ano a previsão é de 0,9% – baixo, mas ainda assim superior à estagnação completa de 1998. A taxa de juros básica da economia flutuou intensamente em 1998 chegando a atingir 49,7%, enquanto que em 2014 ela variou de 10% a 11% ao longo do ano. Eram necessários 6,5 salários mínimos na época para se manter uma família de 4 pessoas, segundo cálculo do DIEESE. Hoje esse índice é de 3,9 salários mínimos.

Em suma, se a tese dos “índices econômicos ruins” vigorasse, FHC teria sido alvo de uma cobertura muito mais negativa em 1998 por parte da Folha, mas não foi.

Não pude, contudo, demonstrar a inadequação desse argumento econômico pois ele não foi usado durante a entrevista. Na verdade, ao ter suas duas teses principais refutadas, a do contrapoder e do desgaste no poder, a ombudsman começou a ficar um pouco desconfortável. Percebendo isso, resolvi assumir eu o papel de entrevistador. Pedi a ela que lembra-se das capas da Folha de S. Paulo dos últimos três dias. A de 30/07 foi: “Com Dilma em alta, bolsa tem a maior queda em 3 anos”. A jornalista concordou que era negativa para Dilma. A do dia anterior, 29/07, era “Dilma não cumpriu 43% das promessas de 2010”. E a do dia 28/07, abaixo da fotografia de Dilma lia-se “PF investiga ligação entre tesoureiro do PT e doleiro preso”. Foi aí, frente a brutalidade desses fatos, que arrematei com as seguintes sentenças: “3 manchetes em seguida, um dia após o outro, todas contrárias à campanha de Dilma. Nós estamos no final de uma campanha política. Não é possível que você trabalhe nesse jornal e não tenha noção disso, sendo ombudsman do jornal.”

Ao invés de responder, contudo, a jornalista passou a reclamar que eu estava assumindo um tom acusatório nos meus argumentos, sendo que o objetivo dela era somente se informar sobre as atividades do MANCHETÔMETRO e talvez citar o trabalho em sua coluna, que saiu no dia 5/10, dia da eleição com um trabalho em tudo igual ao que fazemos. Eu disse que estava respondendo às suas questões, mas ela novamente reclamou de meu tom e disse que achava melhor não publicar qualquer referência ao MANCHETÔMETRO.

O MANCHETÔMETRO nunca foi citado em qualquer dos meios que estuda: Estado de S. Paulo, O Globo, Folha ou Jornal Nacional. Não esperamos tratamento diferente desses órgãos de imprensa, uma vez que nosso trabalho revela uma intensa politização da cobertura que fazem das eleições, a despeito de sua retórica de neutralidade e profissionalismo jornalístico. Não me surpreende o fato de o texto da Ombudsman ser mais uma tentativa de advogar pelo jornal, e não pelo leitor ou pelo público, que é a maneira como essa função é propagandeada pela própria Folha. O que deve ser apontado é a incapacidade da ombudsman, seja na entrevista ou em sua coluna, de responder às questões muito objetivas que lhe foram colocadas: como explicar a tese do contrapoder frente ao viés da cobertura de 1998? Como adotar a tese do desgaste temporal da situação se a cobertura da própria Folha a refuta? Como argumentar que é o contexto econômico que explica o viés se em 1998 a economia estava muito pior do que agora? E por fim, cara ombudman, como o jornal pode publicar 3 manchetes de capa negativas seguidas contra um só candidato e isso não se tornar assunto em suas colunas?
http://jornalggn.com.br/noticia/coordenador-do-manchetometro-questiona-ombudsman-da-folha-sobre-vies-politico

PSB PERNAMBUCANO DECIDE PELO APOIO A AÉCIO NEVES


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Diretório bateu o martelo e deverá apoiar a candidatura do tucano à Presidência da República; a posição do partido foi tomada após uma reunião das lideranças estaduais que só terminou na madrugada desta terça-feira (7); o governador eleito, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o senador eleito Fernando Bezerra Coelho; e o presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, viajam ainda nesta terça para São Paulo para defender a posição junto à direção nacional; eles também devem se encontrar com Marina Silva (PSB)
Pernambuco 247 - O PSB pernambucano bateu o martelo e deverá apoiar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República. A posição do partido foi tomada após uma reunião das lideranças estaduais que só terminou na madrugada desta terça-feira (7). O governador eleito, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o ex-ministro e senador eleito, Fernando Bezerra Coelho, o presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, viajam ainda nesta terça para São Paulo para defender a candidatura de Aécio Neves junto a direção do partido. Eles também devem se encontrar com a candidata presidencial derrotada marina Silva (PSB). A reunião da Executiva Nacional do PSB que definirá qual candidato receberá o apoio dos socialistas será realizada nesta quarta-feira, em Brasília.
Após o pleito que elegeu Paulo Câmara, tanto a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff como Aécio Neves entraram em contato com a direção estadual do partido e também com a viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, para tentar levar o PSB para os seus respectivos palanques.
Nas discussões, o PSB teria avaliado que apoiar o PT no segundo turno significaria ir de encontro ao discurso construído por Campos sobre a necessidade de se “construir uma nova política”. Também teria pesado na decisão, os ataques desferidos contra Marina Silva, candidata do partido na eleição presidencial.
Além disso, Aécio teria conseguido apontar que, no momento atual, PSB e PSDB possuem mais pontos de convergência do que discordâncias. O fato do PSDB também não ter apresentado o programa de governo, possibilita que muitos pontos defendidos pelo PSB possam ser incluídos no conteúdo programático da legenda tucana. Esta posição, inclusive, já havia sido manifestada por membros do PSB e da Rede Sustentabilidade, legenda que Marina Silva tenta criar e que está abrigada no PSB.
“Não é que o Aécio seja o nosso candidato dos sonhos. Tanto é que apresentamos uma alternativa para acabar com essa polarização. Mas vale dizer que esse deverá ser o encaminhamento de Pernambuco. Temos que aguardar o encaminhamento do PSB enquanto nacional”, disse Sileno Guedes ao jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/156174/PSB-pernambucano-decide-pelo-apoio-a-A%C3%A9cio-Neves.htm