domingo, 12 de outubro de 2014

Kajuru grava vídeo bomba para Aécio e Brasil.

Por que o juiz Sérgio Moro liberou trechos escolhidos dos depoimentos justo agora??


Postado em 12 out 2014
Em breve, no Supremo?
Em breve, no Supremo?
Um declarado eleitor de Aécio Neves, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Prado, o Kakay, disse o seguinte ao blogueiro Josias de Souza, do UOL: “Houve uma grave instrumentalização do Poder Judiciário.”
Kakay estava se referindo à liberação seletiva de trechos dos depoimentos em casos de delação premiada pelo juiz paranaense Sérgio Moro.
Repito: Kakay disse a Josias que vai votar em Aécio. “Até fui a um jantar de adesão. (…) Alternância no poder é importante. Não quero que o Brasil fique fossilizado como São Paulo, administrado há duas décadas pelo PSDB.”
O ponto central de Kakay é: por que parte do vazamento é aberta e parte não, e justamente às vésperas de uma eleição presidencial?
“Parece brincadeira. Aqui, tem segredo. Ali, é tudo aberto. Isto se chama instrumentalização. É muito grave. A poucos dias da eleição, as consequências são gravíssimas.”
Nada foi aberto, por exemplo, em relação ao que os depoimentos trazem sobre Eduardo Campos, cuja família acaba de declarar apoio a Aécio.
Por quê? A resposta mais provável é que por trás dos vazamentos estão razões políticas e partidárias, e não de justiça.
Para Kakay, o juiz Sérgio Moro “está fazendo um jogo extremamente perigoso” – mas não surpreendente.
Moro, no Mensalão, ajudou a juíza Rosa Weber em seus trabalhos. Rosa entrou para a história ao condenar Dirceu com as seguintes palavras: “Não tenho prova cabal contra Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite.”
Neste exato momento, Moro é candidato à vaga de Joaquim Barbosa no Supremo. Eleito Aécio, quais serão suas chances?
Num artigo publicado na Folha algumas semanas atrás, Kakay escreveu que os brasileiros estavam diante da seguinte situação: um delator – Paulo Roberto Costa – poderia ser o “grande eleitor” nas eleições presidenciais.
Com base em acusações não investigadas e nem, muito menos, provadas. Em seu artigo, Kakay imaginava a seguinte situação: e se Costa decidisse, por algum motivo, citar Dilma? Os brasileiros, neste caso, teriam um novo presidente escolhido por um delator.
Na entrevista a Josias, Kakay voltou à mesma lógica, apenas com n
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/esqueca-o-povo-o-grande-eleitor-nestas-eleicoes-pode-ser-o-juiz-sergio-moro/

Ninguém tem o direito de se surpreender com o apoio de Marina a Aécio


Postado em 12 out 2014
Ela
Marinistas ou antimarinistas, dilmistas e aecistas, alienados, cientistas políticos, direitistas, esquerdistas, libertários, ufologistas — ninguém tem o direito de se surpreender com a decisão de Marina Silva de apoiar Aécio Neves.
Um dos atributos de se colocar acima da política, acima de direita e esquerda, além do bem e do mal, é ter uma espécie de salvo conduto para justificar qualquer coisa.
Sim, o PT e o PSDB eram a polarização desprezível que ela condenava. Mas, ao declarar o voto em Aécio, ela não está sendo contraditória. Longe disso. “O que nós estamos fazendo é inaugurar, sim, a nova política. Todos estavam imaginando que seria apenas o apoio como sempre é feito. Mas foi feito em base de um programa [sic]. Como foi feita a aliança que eu e Eduardo Campos fizemos há um ano”, afirmou. “Em uma eleição em dois turnos, você toma uma decisão em relação àquilo que acha que é o melhor para o Brasil.”
É sua novilíngua em ação. Em 2010, Marina ficou neutra. Quem achou que ela fosse repetir a dose agora, quando a polarização tornou-se mais forte do que nunca, escutou a conversa de que Aécio fez as mudanças programáticas que ela pediu. Dilma teria sido responsável por um retrocesso na agenda ambiental — tema que ela, Marina, deixou de fora da campanha por absoluta vontade própria.
Aécio não topou o recuo na proposta de redução da maioridade penal, obra de seu vice Aloysio Nunes. De resto, aceitou a “flexão social” (termo cunhado pelo o coordenador da Rede Walter Feldman) das demais exigências de Marina.
Há aí também um forte componente de ressentimento. Marina guarda uma raiva do PT que não faz mais questão de esconder. Em seu pronunciamento, Marina se queixa dos “ataques destrutivos de uma política patrimonialista, atrasada e movida por projetos de poder pelo poder”.
Sim, ela apanhou muito do PT. Mas, por esse critério, o PSDB não a poupou. Pelo contrário. Segundo o levantamento de uma agência de propaganda paulista, nos últimos dias do primeiro turno 60% das cotoveladas vieram do lado de Aécio.
De acordo com o Datafolha, 13% dos marinistas seguiriam à risca o voto da líder; 16% poderiam ser levados a escolher o candidato dela; para 67%, não faria diferença.
O endosso à candidatura conservadora de Aécio é apenas mais uma marinada, de tantas que ela deu nas eleições. Não há nada mais velha política do que ela. Por essas e outras, tem um futuro brilhante pela frente.
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Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/ninguem-tem-o-direito-de-se-surpreender-com-o-apoio-de-marina-a-aecio/

Altamiro Borges: Marina apoia Aécio e ludibria ambientalistas com falsos “compromissos”

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Marina apoia Aécio e trai os “sonháticos”
por Altamiro Borges, em seu blog

Como já era previsto, a ex-verde Marina Silva declarou neste domingo (12) o seu apoio ao cambaleante presidenciável do PSDB. Em comunicado à imprensa, ela listou uma série de propostas – que evidentemente não serão cumpridas – e concluiu: “Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido”.
O anúncio foi festejado pelo senador mineiro, que no sábado já havia obtido o apoio formal da família de Eduardo Campos. Os sites da mídia tradicional também soltaram rojões. Já muitos “sonháticos”, principalmente jovens, devem ter ficado decepcionados com mais esta traição da “nova política”.

O comunicado da candidata-carona do PSB – que deve também anunciar em breve o seu desligamento da sigla – é de um cinismo patético. Entre outras coisas, Marina Silva afirma que decidiu apoiar o tucano porque aposta, “mais uma vez, na alternância de poder”.
Logo ela que posou em materiais de campanha ao lado de Geraldo Alckmin, o governador do PSDB que controla com mão-de-ferro o Estado de São Paulo há 20 anos. A ex-verde também afirma que é contra “as velhas alianças pragmáticas, desqualificadas” – e assume a união com o PSDB, o DEM e os seus novos aliados – como o “pastor” Silas Malafaia, o fascista Jair Bolsonaro e os “milicos de pijama” do Clube Militar.

Os falsos “compromissos”

Ao final, ela cita os “compromissos” assumidos com Aécio Neves. “O respeito aos valores democráticos, a ampliação dos espaços de exercício da democracia e o resgate das instituições de Estado” – como se a oposição demotucana, conhecida por sua visão autoritária e contrária a qualquer mecanismo de participação popular, pudesse ampliar a democracia no país; “A valorização da diversidade sociocultural brasileira e o combate a toda forma de discriminação” – como se os tucanos não estivessem aliados à pior escória neofascista do país; “A reforma política, a começar pelo fim da reeleição” – o que revela a ambição oportunista de Marina Silva de disputar novamente a presidência da República.

Há outros “compromissos” na lista. No maior cinismo, o texto fala até em reforma agrária – escondendo que Aécio Neves conta com o apoio dos ruralistas e recusou-se a assinar, inclusive, a documento pelo fim do trabalho escravo. Para continuar ludibriando os ingênuos ambientalistas, o documento também menciona o “desmatamento zero” e outras bandeiras contra a devastação da natureza. Puro engodo para quem conhece os interesses econômicos presentes da campanha presidencial da direita nativa! “Entendo que estes compromissos assumidos por Aécio são a base sobre a qual o pais pode dialogar de maneira saudável sobre seu presente e seu futuro”, conclui, na maior caradura, a direitista Marina Silva.

O racha na Rede

O documento divulgado neste domingo pela ex-verde deve ser preservado. Ele é a prova material do seu oportunismo, da sua guinada à direita e da sua postura de instrumento das forças conservadoras.
Nem o seu quase-partido manifestou apoio tão empolgado ao tucano e apostou tanto na manipulação da sociedade. Na semana passada, a Rede Sustentabilidade – hoje hegemonizada por velhos tucanos – até decidiu recomendar o voto em Aécio Neves. Mas a resolução gerou racha interno. Alguns velhos “marineiros” classificaram a decisão como “um grave erro político”, que anula o discurso da “nova política”. Os “sonháticos” preferiam que a Rede pregasse a neutralidade no segundo turno.

“Constitui-se um grave erro político a declaração de voto e a adesão à campanha de Aécio Neves. Nenhuma modificação formal no programa eleitoral de Aécio transformará a natureza de sua candidatura, que não se constitui de palavras, mas de atos de história concreta que indicam sua integração orgânica à desconstituição de direitos, aos ruralistas e ao capital financeiro”, afirma um texto divulgado pelos dissidentes. Eles, pelo menos, são mais honestos do que Marina Silva.

http://www.viomundo.com.br/politica/altamiro-borges-10.html

O povo brasileiro só conta com sua própria lucidez


12 de outubro de 2014 | 18:01 Autor: Fernando Brito
Slucidez
Nenhum de nós, neste momento, tem o direito de ser ingênuo com o que está acontecendo.
Não há um processo eleitoral democrático, normal, onde as forças políticas se confrontam e disputam a preferência do eleitor.
Tanto que se empurra ao favoritismo um homem que se formou no conforto do nepotismo e cuja  virtude política é sua própria nulidade pessoal.
Existe, sim, uma tentativa em marcha – e avançada – de conduzir o povo brasileiro não à eleição de um candidato, mas ao linchamento de um governo.
Uma espécie de 1954 com urnas eletrônicas.
O povo brasileiro está sitiado.
Ocultaram-lhe que seria Aécio – e não Marina – a enfrentar Dilma no segundo turno e, assim, deixaram sua nulidade no “freezer”, até que fosse a hora de plantá-lo, ao velho como novidade, para a cartada final.
E, para ela, não foi preciso mais que articular o comportamento de um canalha de terceiro escalão ao qual se prometem prêmios por “delações”, com um juiz que o faz prestar um depoimento genérico, sobre fatos  que, depois de meses de investigação, ele já teria de ter revelado, para que seja divulgado em redes de televisão, enquanto se nega o acesso a quem é acusado às informações sobre o que é dito, especificamente.
Parte do Judiciário se junta ao que é generalizado.
A imprensa, as instituições, a economia, seus políticos  estão de goela aberta, prontos a devorar seu futuro.
Estão prontos a tudo que lhes signifique uma chance de tirar este país do povo brasileiro.
Os que o defendem estão mudos ou anulados, perdidos em seus próprios equívocos, acomodações e conveniências.
Respeitaram, como em nenhuma outra época da história brasileira, o livre funcionamento das instituições e não tocaram nos privilégios de nossa elite, exceto o de ser a única dona do Brasil.
Todas estas forças, agora,  se unem contra um processo político que o afirmava.
Um processo do qual, nem mesmo ele, o povo, tem uma consciência que vá além de sua pele, de seu instinto.
Porque suas vanguardas política abriram mão de sê-lo, na ilusão de que podiam ser “de todos”
Como naquele momento terrível de nossa história, o “mar de lama” que sem pintava não era real e muito menos Getúlio Vargas estava nele mergulhado.
Mas a histeria moralista da UDN de nossos tempos conseguiu arrastar parte da classe média.
Marina Silva é só a expressão desta hipocrisia, de um movimento que há 60 anos agita corrupção e anticomunismo como se fossem honrados e defensores das liberdades, mas compactua com o saque colonial de nosso país e com todo o autoritarismo que  tivemos e temos.
Temos uma elite perversa, que compreende que a fome só faz escravos e que vê escravos da comida os que deixam de passar fome.
Que odeiem um médico cubano porque aceita trabalhar ganhando R$ 4 mil quando R$ 10 mil não bastam a um médico recém-formado no Brasil para trabalhar de oito às cinco na periferia.
Tornamo-nos o país do ódio.
As manchetes de jornal são o que teria dito um crápula, um ladrão, em troca de um perdão e sabe-se mais o que lhe tenham prometido, para declarações cronometradas a coincidirem com o momento das eleições.
No entanto – que maravilha! – o povo brasileiro resiste.
Só tem seu instinto a defendê-lo.
Mas o instinto, tão desprezado, é muito poderoso, se ele encontrar referências.
Se tivermos, porém, a coragem de lhes dar a verdade.
Temos 15 dias e um desafio imenso pela frente.
Nestas duas semanas, temos de usar os programas de TV e os debates para desmontar, corajosamente, as montagens marteladas a cada dia pela mídia.
Já não é hora de posturas defensivas ou de jogos estratégicos.
Campanhas são longas, como a que fizeram de junho de 2013 para cá, quando fizeram um país que acreditava estar indo no caminho certo parecer um lugar onde parecia que tudo estava errado.
E como, assim, conseguiram os incautos esquecer de anos, décadas em que a classe dominante fez, de fato, tudo dar errado para o nosso país e nosso povo.
Mas o que temos agora não é uma campanha, mas uma batalha.
Nelas, é preciso coragem, ousadia e líderes.
Se deixarmos que se percam as referências, a força de nosso povo se dispersa e pode ser vencida.
Mas se elas surgem, deixando de lado os cálculos políticos convencionais, o povo brasileiro pode  sair do isolamento em que o querem colocar.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=21930

O coronelismo utópico de Da Matta


Três dias atrás (09/10), escrevi o ensaio "Carta aberta ao antropólogo Roberto DaMatta", através do qual refutava o artigo desse renomado intelectual brasileiro intitulado "Um soco na onipotência", artigo cujo objeto era a defesa passional da candidatura de Aécio Neves à presidência da república. Nunca foi minha intenção negar ao DaMatta [foto] o seu sagrado direito de optar por uma candidatura, direito constitucional de todos os cidadãos eleitores do Brasil.
Apenas entendi que, diferentemente do que ocorre com a maioria dos eleitores brasileiros, cujo acesso à cultura e à informação historicamente vem sendo sonegado, DaMatta possui o cabedal intelectual, a pletora de informação e conhecimento, que lhe permite uma argumentação com fundamentos mais profundos do que aquilo que denominei de "redação de Facebook". Ressaltei que, ao utilizar os mesmos artifícios retóricos rasos que são utilizados nas redes sociais, o antropólogo se despe de sua condição de intelectual, colocando-se pari passucom os ignorantes ecoadores de bordões, mantras e memes.
Tenho convicção, e penso que deixei isso entendido nas entrelinhas de meu texto, de que o DaMatta é capaz de produzir uma argumentação lúcida em favor da candidatura do Aécio Neves, apoiando-se em questionamentos pertinentes à condução da política econômica da presidenta Dilma, às deficiências no setor da educação, da segurança pública e nas diversas modalidades de atuação estatal federal nas áreas de interesse da sociedade. Ao optar pelo lugar-comum da corrupção de forma seletiva, "esquecendo-se" oportunisticamente dos casos que, investigados ou não, denunciados ou não, julgados ou não, envolvem o PSDB e outros partidos, entendi que DaMatta abriu mão da inteligência e virou um torcedor comum, desses que transitam pelo Facebook espalhando boatos e declarações de deliquentes como se a verdade estivesse estabelecida.
Bom, mas porque estou dizendo isso? Primeiro, porque não esperava a repercussão enorme que meu ensaio obteve. Foram milhares os acessos em meu blog, fazendo com que esse post saltasse, em apenas dois dias, para a segunda colocação nas estatísticas de acessos do blog. Como os acessos continuam, creio que alcançará a ponta em breve. Segundo, porque, ao lado das muitas manifestações de concordância, e como não poderia deixar de ser num ambiente de liberdade de opinião que prezo e desejo que continue nesse país, tive também as de contrariedade. Muitas dessas últimas chamaram minha atenção por fazerem questão de qualificar o bolsa-família como uma espécie de política de coronelismo, cuja finalidade é orientar o voto dos pobres que por esse programa são favorecidos. Mais ou menos como nos orientou outro "sábio", o Fernando Henrique Cardoso, em sua afirmação de que os eleitores do PT são pobres e ignorantes, uma afirmação elitista, mas que se coaduna com a sua história (já chamou aposentado de vagabundo).
Peço desculpas antecipadas às pessoas que lerem esse texto, amigos ou desconhecidos, e que pensem dessa mesma forma, porém confesso que tenho uma certa repugnância por opiniões contrárias ao bolsa-família. Normalmente, partem de integrantes da classe média ou de pessoas ricas. São opiniões que, no fundo, objetivam esconder, sob o disfarce de opinião meramente política, um pegajoso, asqueroso, preconceito contra a pequeníssima ascensão financeira dos pobres. No mais das vezes, são pessoas irritadas por não mais conseguirem contratar miseráveis a preço de banana podre (agora têm que pagar preço de banana madura). Pessoas que se sentem desconfortáveis ao verem nordestinos pobres viajando de avião para visitar os parentes que ficaram na terrinha. Sentem-se irados ao enfrentar um trânsito que ficou ainda mais caótico a partir do ingresso de milhões de veículos na frota nacional, uma imensa quantidade deles saindo das favelas próximas dos ricos condomínios onde moram.
Como se sentir especial e poderoso, um ser humano diferenciado, se os pobres perigosamente se aproximaram (um pouquinho só, mas...) de um estilo de consumo que deveria ser para poucos? Só falta, agora, pobre viajar para a Europa... Êpa, peraí, alguns já estão... É o fim da picada! Esses dias mesmo li um texto em jornal de grande circulação cujo autor lamentava a perda de classe e estilo no turismo internacional ante a massificação que grassa nessas paragens.
Quanto a mim, como já morei em casa de sapê e em barraco no morro, dormindo no chão de barro batido forrado com papelão para não sujar o colchonete, e como já passei fome durante um período de minha vida que parecia que não iria acabar nunca (o tempo passa mais devagar quando temos fome), eu sei exatamente como é sentir a dor sentida pelo miserável que, ao acordar, não sabe sequer se terá o que comer durante o dia. Não preciso ler sobre o assunto, não preciso me inteirar de estudos acadêmicos sobre os benefícios do programa, não preciso assistir a nenhum documentário sobre favelas e grotões de miséria.
Eu vivi a miséria, eu precisei pedir um prato de comida a pessoas que não estavam dispostas a dá-lo, eu fiquei sem abrigo para passar a noite. Ninguém irá me dar aulas sobre as necessidades mais elementares do ser humano, pois possuo o doutorado da vida sobre o assunto. Hoje, por circunstâncias de minha vontade e por outras também importantes mas alheias a ela, integro a chamada classe média-média e não mais preciso encarar o desafio diário de obter nenhuma das chamadas "necessidades básicas". Porém, ainda existe uma pequena coisa que me incomoda, como se fosse um grilo falante a lembrar-me de coisas chatas como moral, ética, civilização e altruísmo. O meu grilo falante se chama "memória".
Eu não renego o meu passado, nem o escondo no fundo de algum baú de constrangimento. Faço questão absoluta de jamais esquecer de onde vim e do que passei. O passado é minha âncora e me recorda, a cada momento, que a miséria será o horror e a negação da civilização humana enquanto existir uma criança esquálida, ossos à vista, que não consegue extrair o leite do seio de sua mãe porque o organismo materno, ainda mais esquálido do que o da criança, não tem de onde tirar os nutrientes necessários para produzi-lo.
Em minha visão, é apenas mesquinha a tentativa de desqualificar um programa assistencial que sequer dá ao miserável tudo o que ele necessita, pois não se pode imaginar que setenta reais por mês seja capaz de retirar alguém da miséria.
Outro dia um conhecido quis me convencer que famílias pobres estão "fabricando" filhos para receber essa pequena esmola. Fiquei imaginando como um ser humano pode achar que outro ser humano, pobre, se preocupará em fazer mais filhos para receber, por cada um, setenta reais mensais. Além disso, é um projeto meio estúpido. Levará dez anos para fazer dez filhos e, então, alcançar a incrível soma de cerca de oitocentos reais por mês, com a qual terá que alimentar doze bocas, no mínimo. É o ponto a que chegou a insensatez do antipetismo doentio.
É bom lembrar que todos os candidatos, inclusive o Aécio, prometem não somente manter, mas aumentar o valor do bolsa-família e qualificá-lo. Para os que bancam a ideia do coronelismo, fica a constatação de que será utilizado por todo e qualquer um que chegar à presidência.
Vou dar mais uns exemplos de "coronelismo" do PT a ser combatido.
O governo petista Lula/Dilma criou dezoito universidades federais públicas, cujo objetivo claramente deve ser conquistar votos e se manter no poder. O governo do PSDB, que não pretende o poder a qualquer preço, não criou nenhuma, sendo esse o motivo pelo qual acreditam que se deve votar nele.
Os governos federais petistas criaram quase vinte milhões de novos empregos, numa manobra para perpetuar-se no poder. O governo federal do PSDB, somente cinco milhões de empregos, o que é uma demonstração de lisura.
Até o ano de 2013, o Prouni concedeu mais de um milhão e duzentas mil bolsas de estudos para estudantes carentes estudarem em faculdades particulares, assim permitindo aos pobres terem acesso ao ensino superior, o que evidencia nitidamente a natureza sórdida do governo do PT. O PSDB não concedeu uma só bolsa de estudo dessa forma, uma atitude corajosa e honesta.
Todos sabem que a educação secundária é obrigação dos estados e dos municípios, não do governo federal. Os governos petistas, porém, numa escalada rumo à perpetuação no poder, acrescentaram mais de quatrocentas escolas técnicas federais pelo país afora às somente cento e quarenta que existiam desde Pedro Álvares Cabral. Novamente demonstrando sua ética política, o PSDB não construiu nenhuma escola técnica federal, o que deve ser aplaudido.
Numa outra frente de batalha pelo poder a qualquer custo, os governos petistas criaram o Pronatec permitindo o acesso ao ensino técnico e profissional, cujas matrículas já beneficiaram quase seis milhões de jovens pelo país. O governo federal do PSDB, pautado pela honestidade política, não criou qualquer instrumento semelhante a esse.
Enfim, as comparações poderiam continuar por muito tempo, falando em poder aquisitivo do salário mínimo, o preço de mercado da Petrobras no governo do PSDB e agora no PT, a extrema diferença na lucratividade da Petrobras, o tamanho do PIB e diversos outros indicadores. Porém, o texto está ficando longo demais e acho que já ficou evidente para todos que o PT, beneficiando milhões e milhões de pessoas, busca aperfeiçoar o coronelismo ao seu modo extremo, assim alcançando a materialização da utopia do voto de cabresto: aquele no qual o coronel, agora um déspota hiper-esclarecido, para manter-se no poder a qualquer custo, melhora significativamente a condição social média, reduzindo as desigualdades.
Para perpetuar-se no poder, essa espécie de pós-despotismo, representado pelo PT, não hesita, sem pudor nenhum, em praticar a justiça social e melhorar a economia numa perspectiva histórica.
Começo a entender algumas convicções.
http://jornalggn.com.br/blog/marcio-valley/o-coronelismo-utopico-de-da-matta-por-marcio-valley

Dilma: ganhar com o povo e pela esquerda é a única e melhor opção

Milhares de pessoas foram ao Largo do Arouche, em São Paulo, neste sábado (11) no Levante das Cores
Milhares de pessoas foram ao Largo do Arouche, em São Paulo, neste sábado (11) no Levante das Cores
O  cerco que se montou à reeleição de Dilma é um dos mais bem articulados desde a eleição de Collor. Depois do candidato tucano ter conseguido virar o jogo e ultrapassar Marina na reta final do primeiro turno, todo o campo conservador se uniu a ele e ainda conseguiu atrair parte da base governista, toda a mídia, todo o setor financeiro e empresarial e símbolos de um discurso popular, como Marina Silva, que acaba de declarar apoio a Aécio.
Evidente que não há apenas um motivo para isso acontecer. Aviões não caem por um único defeito ou erro. E o PT e a presidenta Dilma terão de avaliar, seja qual for o resultado, o que levou isso a acontecer com tamanha força.
Mas de qualquer forma uma coisa é clara, a inflexão de Dilma à esquerda depois de junho de 2013, sinalizando apoio à reforma política, aprovando o Marco Civil da Internet e dando declarações de que vai fazer a regulação econômica da mídia, compromisso em criminalizar a homofobia e não ter aceitado a chantagem do mercado financeiro para fazer reformas neoliberais na Previdência e na legislação trabalhista, entre outros pontos, foram fundamentais para que esse campo se fechasse contra ela.
Dilma não poderia ganhar essa eleição pela direita. Se isso viesse a acontecer o custo político para o PT e a para a sua biografia pessoal seriam muito altos. E mesmo não tendo feito uma inflexão forte à esquerda, sua campanha de hoje é muito melhor do que a de 2010, quando Dilma dialogou quase tão somente com o segmento evangélico para garantir a eleição no segundo turno. Foi o aborto que deu o tom da campanha.
Mas para ganhar com viés de esquerda, Dilma só tem uma chance. Que a militância dos movimentos sociais, dos sindicatos e de grupos progressistas e de esquerda em geral, peguem essa candidatura pela mão e façam a disputa nas ruas e nas redes como nunca aconteceu antes.
Não é algo fácil de construir, mas é possível. Ontem em várias cidades houve uma série de atos e reuniões debatendo o apoio  a Dilma e construindo eventos que serão realizados nos próximos dias. Há muita gente querendo trabalhar para impedir o retrocesso com a volta do PSDB, mas mesmo assim vai ser um duelo de titãs.
Principalmente porque a mídia tradicional está trabalhando arduamente para, com uma batelada de denúncias, fazer com que o eleitorado de Dilma tenha vergonha de fazer campanha e fique intimidado até em colar um adesivo no peito.
Mas nunca isso foi tão necessário como agora. É fato que o PT deu uma enferrujada e que boa parte dos seus líderes envelheceu e perdeu conexão com parte das novas demandas, mas ao mesmo tempo há muita gente firme em propósitos e que está disposta a entender e a caminhar com esse novo ativismo tanto do movimento social quanto cultural. E é esse povo que pode decidir a eleição a favor de Dilma.
E a galera que foi às ruas em junho com pautas de esquerda que tem a oportunidade de fazer valer sua força. Até agora, é a parte reacionária daquele movimento que está dando o tom desta eleição, mas isso pode mudar. E até a declaração de apoio de Marina a favor de Aécio pode ajudar nisso. Afinal, há muita gente decepcionada tanto com ela quanto com Eduardo Jorge, por exemplo. E que está disposta a buscar eleitores que não foram de Dilma no primeiro turno.
Quem pensa que 15 dias é pouco, não entende nada de sociedade conectada digitalmente. Neste contexto, 15 dias é uma eternidade. O que parece favoritismo de Aécio hoje, pode virar uma retumbante vitória para Dilma. Mas vai ser necessário criar esse contraponto.
De um lado, estão os que querem a mudança para uma inflexão neoliberal. Do outro, um governo que recriou a perspectiva de país do Brasil, mas que também se associou demais a setores conservadores. Mas que está sendo combatido neste momento pelo que fez de progressista e não pelos seus pecados à direita.
Não há jogo mais claro que esse. E se o PT e a campanha de Dilma não relativizarem a importância da mídia e do marketing e entregarem essa disputa na mão do campo popular, não há vitória possível.
É com milhares de eventos de ruas, de casa em casa e olho no olho, que essa eleição pode se decidir a seu favor. Cada pessoa que acredita que será um imenso retrocesso a volta ao poder do neoliberalismo tem que se tornar um ponto da campanha. E milhares de grupos têm que ser organizar nestes próximos 15 dias, para disputar um a um os votos possíveis.
Só esse enxame de marimbondos tem capacidade e capilaridade para derrotar o rinoceronte que foi construído do lado de lá. Esses marimbondos deram seus primeiros sinais durante o dia de ontem em várias cidades. Mas isso tem que se tornar o foco central da campanha e não sua periferia. É rua a rua, casa a casa, olho no olho, voto a voto.
http://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2014/10/12/sobrou-dilma-uma-opcao-ganhar-com-o-povo-nas-ruas/

Dilma e o PT vão enfrentar a Globo? Policial acusa Aécio: “ele é amigo da turma do helipóptero”

por Rodrigo Vianna
A imprensa (comandada pela Globo) martela durante 24 horas acusações sem provas contra o PT. O partido de Dilma tem gente boa e ruim. O PSDB tem muito mais gente denunciada por corrupção.  Mas por que só há denúncias contra o PT na véspera de eleição? Toda vez é assim…
A onda de noticias sobre corrupção impede que o país perceba que estamos diante de dois projetos: um é o programa dos ricos, do desemprego e do arrocho (já conhecemos Aécio=FHC); o outro é o governo que gerou empregos e melhorou a vida dos pobres (apesar de ter feito menos do que tanta gente esperava do PT). Isso é o que está em jogo.
A campanha de Dilma deveria atacar de frente a Globo e a Veja. É combate aberto o que se espera: pra ganhar ou perder! Mas com boas chances de ganhar.
Para que o jogo se equilibrasse, duas coisas teriam que acontecer…
1 – A campanha petista deveria denunciar, de forma frontal, na campanha de TV, o envolvimento da mídia (comandada pela Globo) com a campanha de Aécio. Outros casos precisavam ser lembrados, de forma didática: a tentativa da Globo de impedir a eleição de Brizola em 82, a manipulação do debate em 89, o caso aloprados em 2006 (com a foto do dinheiro mostrada na véspera da eleição), o caso da bolinha de papel (que Ali Kamel – o diretor da Globo – tentou transformam num míssil contra Dilma em 2010).
2 – As graves acusações que pesam contra Aécio deveriam ganhar peso. Elas não virão pela mídia velha. Mas podem se espalhar pela internet. Assim como as acusações que envolvem o PT no caso Petrobras, as acusações contra Aécio não são acompanhadas de provas, mas de indícios gravíssimos. Além de envolvimento com supostos atos escusos na administração pública, Aécio é acusado de envolvimento com a família Perrela (aquela mesma, do helicóptero com 500 quilos de cocaína) e de adotar um estilo de vida pouco convencional – digamos assim.
Em minha modesta opinião, apoiadores de Dilma não deveriam partir para o vale-tudo nem para ataques pessoais a Aécio.
Até porque, não adianta atacar Aécio sem confrontar a Globo! E quem pode confrontar a Globo? Lula e Dilma. Se o fizerem, incendeiam a militância e podem virar a eleição.
Os apoiadores de Dilma, imagino, estão à espera de um sinal da direção: vai haver um combate aberto ou não? A decisão tem que ser rápida…
Enquanto isso, pessoas que parecem não ter ligações com Dilma e o PT começam a falar na internet o que em Minas todo mundo fala sobre Aécio.
É o caso de policial mineiro, que gravou vídeo no youtube acusando Aécio de envolvimento com a família Perrela – aquela do helicóptero do pó. O policial diz que o tucano “deveria estar preso”.
O policial será processado (ou ameaçado) pela turma de Aécio?
O Brasil pode-se dar ao luxo de escolher um presidente sobre quem pesam dúvidas tão graves? Juca Kfouri acha que não. Aécio jamais processou Juca pelas graves acusações contidas no artigo.
Dilma e o PT erraram feio por não enfrentar o poder da velha mídia desde 2011. Ainda que não quisesse (ou não tivesse apoios suficientes) para aprovar uma Lei da Comunicação no Congresso, Dilma deveria ter feito ao menos o embate político: mostrando ao povão que a mídia velhaca tem lado e funciona como um partido.
Dilma preferiu preparar omeletes com Ana Maria Braga. Visitou a Folha, distribuiu agrados aos coronéis da imprensa. Agora, na véspera da eleição, a mídia velhaca age como sempre: parte para os ataques sem provas contra apenas um dos lados.
Foi sempre assim: contra Vargas, contra Jango, contra Brizola, contra Lula…
No PT, já se avalia que os ataques (que devem persistir até o dia 26) freiam o crescimento de Dilma e podem impedir uma reação. Na real, Dilma está a 2 ou 3 pontos de Aécio. Empate técnico – com o tucano levemente na frente. Esqueçam a pesquisa Sensus – aquilo é piada, pra ser usada no programa tucano.
Vejamos: Dilma teve quase 42% dos votos válidos no primeiro turno. Com 2% que foram pra Luciana e outros nanicos, chega a 44%. Faltaria a ela conquistar entre 6% e 7% dos 22% que votaram em Marina. Ou seja: menos de um terço dos votos marineiros.
Não é uma operação impossível, em condições normais. Acontece que não estamos em condições normais.
http://www.revistaforum.com.br/rodrigovianna/plenos-poderes/dilma-e-o-pt-vao-enfrentar-globo-policial-acusa-aecio-ele-e-amigo-da-turma-helipoptero/