quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sobre o judiciário recai maior culpa pelo clima de intolerância que vige no país



O judiciário sempre foi o poder mais corrupto, retrógrado, conservador, nepotista, aristocrático e hermético da república. Mais do que a imprensa partidária, o judiciário é hoje o principal responsável por esse clima de intolerância que se espraia pelo país inteiro, ao abdicar de sua função primordial de fazer justiça, nos juizados de primeira instância e de aplicar o direito a quem possui, nas cortes superiores.

Se o STF tivesse aplicado a constituição no caso mais emblemático que deu início a esse clima de beligerância que hoje impera, falo da ação penal 470, que impede qualquer conversa civilizada se envolver política, mesmo que tal conversa seja com familiares e entes queridos, invariavelmente terminando em agressões verbais e por vezes físicas, não raro chegando as vias de fatos, como aconteceu comigo no fim de semana passado, em uma mesa de bar, com primos queridos que tem como verdadeira a narrativa midiática de que o PT é o partido mais corrupto e inaugurou no Brasil a corrupção sistêmica, não excluindo nem a presidenta Dilma, mulher sabidamente honesta e contra a qual não há nenhuma acusação, senão ódio em estado puro, instilado em seus corações e mentes pela campanha incessante que a mídia faz, confirmada pelo judiciário, havendo ou não provas que incriminem os alvos expostos, mandando prender pessoas denunciadas em delações premiadas, investigar com base em matérias de jornais, expedindo mandatos de buscas e apreensões, quebrando sigilos a torto e a direita, sem que tenham indícios consistentes que justifiquem tais medidas extremas, como acontecem nos dias que correm, sempre em direção a um partido político e a seus integrantes;

se o STF, quando a oportunidade apareceu, durante o julgamento da ação penal 470, tivesse dado o exemplo claro de julgar segundo a constituição e a jurisprudência consolidada, estabelecendo um marco civilizatório, num caso emblemático em que tantos foram condenados sem provas, com ministros pronunciando voto vomitando ódio e aos berros vociferando que determinado partido era uma organização criminosa, ao vivo e em cores, outro dizendo que não tinha provas mas condenava porque a literatura jurídica assim lhe permitia e um outro afirmando que o ônus da prova pertencia aos acusados e não aqueles que acusavam, essa operação lava jato não existiria tal como a conhecemos, nem tampouco a Zelotes daria esse salto triplo de mudança de foco, com procuradores partidários insuflando o ódio político contra um partido, alimentando esse clima de intolerância que deixa a população sádica, à procura de um bode expiatório para afogar suas mágoas.

Por tudo isso, o judiciário é hoje o maior responsável por esse estado de exceção que se implantou no Brasil, como também o maior responsável pelos Kataguiris, Reis, et caterva que surgem aos borbotões para quebrar o clima de harmonia e civilidade que sempre permeou, como regra geral, as discussões em torno da política, mesmo quando haviam profundas divergências e os debatedores não concordavam entre si, continuando a amizade sem nenhum rancor, o que não acontece nesses dias estranhos.

Da imprensa não esperemos nenhuma outra postura que não seja esta do denuncismo vazio e seletivo que sempre marcou sua cobertura facciosa, começando no governo Lula e ainda assim podia-se falar de política livremente, diferente dos dias de hoje que qualquer menção em defesa do PT é motivo para discussões acaloradas que provavelmente se encaminharão para agressões, sejam físicas ou verbais.

A partir do momento em que os prejudicados recorreram ao judiciário em busca de reparações morais e tiveram seguidamente seus direitos desconhecidos, em nome de uma suposta liberdade de imprensa, foi que esse caldo ficou grosso e atingiu seu clímax no julgamento da Ap 470. Daí, para o que assistimos agora, foi só um passo. Como isso vai terminar, ninguém sabe.

Cabe ainda ressaltar, que vias de fato, por causa de discussões políticas, sempre existiram em todo Brasil, mas como algo episódico e localizado, frequentemente entre candidatos e políticos profissionais que sempre julgaram ser senhores do voto do povo.

Também raramente entre militantes partidários, adeptos de uma forma de se fazer política que os tempos modernos não permitem mais.

Já com o homem do povo, aquele eleitor que só comparecia no dia das eleições para sufragar o candidato de sua escolha, a tudo assistia passivamente sem maiores envolvimentos.

Agora não, qualquer pessoa tem um discurso pronto e preparado na ponta da língua.Um discurso eivado de intolerância, falso moralista que é propagado pela mídia e ancorado em decisões judiciais que são contrárias à fumaça do bom direito, como se diz no jargão, tomadas ao sabor das conveniências políticas de momento, ao arrepio da lei e debaixo de intensas pressões desses grupos  que não permitem, a quem pensa diferente, apresentar argumentos divergentes, o tão surrado e ignorado contraditório, porque o contraditório deixará o interlocutor com seu discurso vazio, sem as máscaras que encobrem seus rostos e isso eles consideram inaceitável, restando-lhes não mais do que o último expediente que se escuda na desconstrução moral do adversário, na violência, seja física ou moral.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Quem o povo elegeu não consegue governar, a cleptocracia é quem está governando‏

Aécio Neves. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Aécio Neves. Foto: Dida Sampaio/Estadão


Troca de e-mails de executivos da segunda maior empreiteira do Brasil revela torcida pela vitória de Aécio. Leia mais aqui

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/whatsapp-de-cupula-da-andrade-gutierrez-revela-torcida-por-aecio-nas-eleicoes/


Seria oportuno que esse pessoal que bate panela, em protesto contra a corrupção, explicasse como uma presidenta corrupta, acusada falsamente de favorecer o esquema das empreiteiras na lava jato, tinha a Andrade Gutierrez, em peso, torcendo para que ela não fosse reeleita e vibrando pela vitória de Aécio, o santo, o honestíssimo, o Catão da moralidade de facebook.


Essa empreiteira, aliás foi a maior doadora da campanha de Aécio, dinheiro de quermesse que saiu de um convento de Carmelitas.


Já que são incapazes de fazê-lo, eu mesmo me encarrego de dizer por quê. Em qualquer governo de direita, uma operação como a lava jato, jamais sairia das dependências da PF, e se tal atrevimento fosse levado adiante, aconteceria exatamente o que aconteceu com a Satiagraha.


Em questão de dias, os responsáveis por uma operação policial semelhante, passariam da condição de investigadores a de investigados, de acusados de terem feito escutas clandestinas, falsificado provas, cometido abuso de autoridade, coagido testemunhas etc...

Pelo menos um dos ministros do STF, e se você pensou em Gilmar Mendes acertou, apareceria com suas contumazes bazófias, falando como o super herói das garantias individuais, em defesa do estado de direito e contra o estado policial, com toda aquela cantilena fajuta que não tem nada haver com a aplicação da lei, mas com defender cupinchas, num zunido para nossos ouvidos, amplificado pelos telejornais de todas as emissoras, pelos grandes portais, em capas de revistas, nas colunas dos jornalões e blogs dos sabujos que escrevem sob encomenda, um desserviço prestado ao combate a corrupção que é de fazer corar o mais empedernido dos malfeitores, tamanho o cinismo.


Disso a grande imprensa, que sempre foi conivente com a roubalheira tucana, não pode fugir: deu corda para a presidenta, que faz questão de orgulhar-se de seu republicanismo, enforcar-se. Começou com a tal da faxina ética, logo nos dias iniciais de seu primeiro mandato, quando um ministro caiu por causa de uma tapioca comprada no cartão corporativo da presidência no valor de 8 reais. Outros ministros também tiveram que deixar seus cargos por razões não menos insignificantes.

A veja comandava a festa, criando esse caldo de cultura que chocou o ovo da serpente e se baseia na percepção de que estamos diante de um quadro irreversível de corrupção generalizada, comandado por um só partido, o PT. De nada significou a revelação de que o denuncismo desvairado de Veja era fruto de uma parceria criminosa entre um de seus diretores de redação, Policarpo Jr e o bandido Carlinhos Cachoeira.

O próprio PT acometido da síndrome de Estocolmo protegeu o gangsterismo editorial dessa semanal quando deveria tê-la chamado a responsabilidade pelos crimes cometidos ao longo do tempo contra o partido e seus principais dirigentes.

Sem encontrar nenhum obstáculo, a escalada prossegue desbragadamente e, no meio do caminho, outros atores são cooptados e uma unanimidade,  nas classes médias urbanas começa-se a se formar, tudo em nome de impedir que o PT continue no poder.

Nem a justiça escapou. Os malfeitos eram tantos e cometidos por tantos que cedo triunfou a percepção de que para escapar de um escândalo, do alvo da mídia, bastaria envolver o PT, o governo ou um aliado. Hoje qualquer ladrão pé de chinelo sabe que tucano no Brasil é inimputável.

O judiciário que deveria ser o poder moderador, passou a formar na linha de frente midiática pela derrubada do PT, incluindo aqueles que estão no STF e foram indicados por Dilma e não se pejam de agir tranquilamente contra aquela que os colocou lá e que eles sabem que não existe na história republicana presidente mais honesto.

No entanto, sem remorso algum, inauguraram uma nova fase no direito pátrio, O Direito Penal do Inimigo que dispensa provas e garantias constitucionais. Até teorias alienígenas importaram para condenar os réus da AP 470, O Domínio Funcional dos Fatos. Daí para a eclosão de Junho de 2013 foi um passo. De lá para cá, a escalada golpista avança. Não conseguem vencer nas urnas, apelam para o golpe branco e prosseguem a louca cavalgada de colocar o país no abismo.

Autoridades não guardam mais decoro nenhum e acham normalíssimo se pronunciar fora dos autos. Falam do PT, do governo e de seus militantes fumegando pelas narinas. Tudo dominado. O tal de Nardes, acusado de envolvimento com práticas ilícitas, no âmbito da Zelotes, mega investigação por sonegação fiscal que está fora da mídia, por ter recebido mais de 1 milhão de reais desse esquema criminoso, é poupado porque serve para fazer o serviço sujo de relatar as contas da presidenta no TCU e votar pela rejeição, do contrário terá seu nome nos telejornais das emissoras, se prestando a chantagens e se obrigando a ceder, em nome de uma proteção, ainda que a última vez que uma corte de contas tenha rejeitado as conta de um presidente, esteja a 80 anos no passado. O presidente do TCU, tem o filho envolvido na Lava Jato e é figurinha carimbada de mais de uma operação policial da PF, o pai para proteger o filho, "meu papai, meu garoto," segue pelos mesmo caminhos de Nardes. O presidente da câmara, um cleptocrata contumaz que ainda não perdeu o mandato e foi preso porque a mídia, a justiça e todos que se uniram no golpe contra Dilma esperam que ele dê inicio ao processo de impeachment da presidenta, moeda de troca para que seu pescoço seja salvo da guilhotina.

São esses os homens republicanos que querem derrubar uma presidenta realmente republicana. Foi isso o que a presidenta Dilma ganhou com seu republicanismo, a manipulação da narrativa que deveria fazê-la entrar pela porta da frente da história, como a presidente que mais combateu a corrupção. Corre o risco de ser apeada do poder como a mais corrupta e sair humilhada pelas portas dos fundos da história, sem nunca ter manchado suas mãos, acossada por uma corja de canalhas corruptos, nenhum tendo o estofo moral próximo da presidenta, contudo são tratados como os heróis da nação. A isso alguns imbecis querem que eu adira.

Valeu a pena, presidenta Dilma, agir republicanamente, e não usar dos instrumentos de controles garantidos pela lei, bem como pela função do cargo que ocupa, para deixar uma instituição como a PF, à mercê do humor de uma imprensa golpista, a serviço da oposição que a instrumentalizou, quando a senhora abriu mão de fazê-lo, um direito legítimo que era seu, assim como o chefe do MPF, que a senhora tem o poder de nomear o de sua livre escolha, para nomear um de uma lista tríplice fajuta de uma instituição cuja maioria dos membros tem agido sistematicamente com um viés politiqueiro para desestabilizar o seu governo?