quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O paloccismo matará o PT?



Dá-se o nome de paloccismo o fenômeno de adesão do PT ao neoliberalismo. Faz referência a política continuísta adotada por Antonio Palocci no Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula.
De difícil compreensão a decisão do governo Dilma de colocar no centro da agenda política nacional a Reforma da Previdência. Os percalços do primeiro ano de mandato, motivados em especial pela baixa adesão popular ao seu governo, parecem não ter ensinado nada ao governo.

Em tempos de abundância, foi possível amenizar o drama humano dos 'de baixo' sem mexer fundamentalmente nos interesses do Grande Capital.

Com a crise internacional de acumulação do capital, só há um caminho para continuar a melhorar as condições de vida do povo: enfrentar os exorbitantes ganhos da banca especulativa.

Com a tendência de agravamento da chaga social nas próximas décadas, mutilar direitos dos aposentados e pensionistas agrava as condições do subdesenvolvimento e aprofunda a inserção subalterna do país no contexto mundial.

O caminho a seguir não é o sugerido por Delfim Netto, mas o de Papa Francisco: negar a economia de exclusão, assentada na crença dos mecanismos sacralizados do soberano Mercado – mas uma economia voltada à perpetuação da vida, determinada na satisfação das necessidades materiais – uma "economia a serviço dos povos".

O Partido dos Trabalhadores tem na gênese o signo de ser contra-hegemônico. Nasceu confiando seus propósitos na construção de uma sociedade justa e igual, pelos braços da classe trabalhadora. A adesão da sua direção a tons cada vez mais mitigados, cuja expressão mais aberrante é o paloccismo, enfraquece as possibilidades de um "outro Brasil possível"...

Enche o olho e o coração de entusiasmo os discursos do Papa Francisco, o fortalecimento da esquerda no Labor Party inglês e as críticas ao neoliberalismo de Bernie Sanders. Dão-nos horizonte novo. Também por isso, exigem os movimentos sociais a reconciliação de Dilma e PT com a classe trabalhadora, o povo, porquanto há muito o que fazer num Brasil que de tudo carece e não pode esperar. Caso contrário, serão vítimas do amargo veneno da entropia, desfalecendo até o último suspiro – a sujeição completa a ordem.

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